terça-feira, 10 de dezembro de 2013
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
terça-feira, 5 de novembro de 2013
NÃO ME ATREVO
Não me atrevo
Não me atrevo a
escrever
- se me atrevesse,
tu saberias -
para dizer como
sinto o “amor”.
As águas
levar-te-ão as letras
- as mesmas que compõem
“o mar”-
nos enigmas da maré
preia.
Quando as tiveres
nos olhos
- que elas
querem-se invisíveis aos olhares -
ter-me-ás plena,
lasciva, sereia!
ana paula lavado
©
(Foto retirada da internet)
terça-feira, 22 de outubro de 2013
FUI COM O MAR OUTRA VEZ
Fui com o mar outra vez
Entre a porta
entreaberta o mar galgou
o soalho e as
estantes.
Deixei de ver os
livros por instantes,
e as luzes do dia
morreram.
Não digo se sofri,
mas sei que os
livros sofreram
com as letras
diluídas de sentido.
Ah, se as tivesse
podido
recompor em papel
milimétrico,
reconstruir o seu
ar estético,
devolver a existência
do seu ser.
Não sei se é
possível fazer,
nem sei se já
alguém o fez.
Sei que o mar
galgou o soalho e as estantes
e, como já fizera antes,
fui com o mar outra
vez!
ana paula lavado
©
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
DE TODOS OS MARES
De todos os mares
De todos os mares
O meu é o mais belo
O mais azul
O mais singelo
De todos os mares
O mais belo.
Do seu vigor
Da sua espuma
Acácias e sumaúma
Da sua voz
Do seu tenor
Do seu rigor.
De todos os mares
O meu é o mais
belo!
ana paula lavado
©
terça-feira, 1 de outubro de 2013
AMA-ME PELOS MEUS OLHOS
Ama-me pelos meus olhos
Quando a lua se
enfeitiça
E o meu corpo se
insinua
Nas noites de
momentos escassos,
Quando as mãos
guardam sem pejo
O gozo crispado do
desejo
Estremecido nos
teus braços,
Ama-me pelos meus
olhos, somente
Que no olhar guardo
constantemente
A nudez astral dos
teus passos!
ana paula lavado
©
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
DAR-TE-EI
Dar-te-ei
Dá-me o sonho
Eu dar-te-ei as
manhãs
Dá-me a boca
Eu dar-te-ei o
desejo
Dá-me as mãos
Eu dar-te-ei o
verso!
ana paula lavado
©
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
AQUI MORA O SILÊNCIO
Aqui mora o silêncio
Vêm bater à minha
porta. Como se o batente
ruidoso acordasse a
mente. As gentes não sabem
que não é assim que
se acordam outras gentes? O solfejar
dos pássaros é mais
sugestivo e encantador. Desperta-nos,
deslumbra-nos, e
torna-nos mais férteis no pensamento.
Não batam à minha
porta. Ela não tem culpa das vossas
irritações nem das
vossas agonias.
Também não esperem
que coloque um pássaro à minha porta.
Os pássaros nascem livres
e viajantes, pousando apenas
onde o sossego os
acolhe. E se pousarem à minha porta, é
porque ela é silente.
Não batam à minha
porta, porque aqui mora o silêncio.
ana paula lavado
©
Fotografia - Francisco Navarro
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
QUANDO AS ÁRVORES CRESCEREM V
Quando as árvores crescerem V
Não te alheies da
realidade. Nem abandones
os teus instintos,
que neles todos os terás mistérios.
E dos mistérios se
faz a aventura dos dias.
Como seiva da tua
pele, buscarás no amanhecer
da primavera, as
águas que fortalecerão o teu corpo. Os dias
iluminar-se-ão,
quando as árvores crescerem e
florirem seus
frutos no teu ventre.
De todos os dias,
espero sempre o nascente, para que
amanheças no meu
corpo, e a natureza se torne mais bela.
Dos outros dias,
nada sei. Nem donde vêm nem para onde vão,
que apenas sei onde
estou. E onde estou, adormeço contigo.
ana paula lavado
©
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
QUANDO AS ÁRVORES CRESCEREM IV
Quando as árvores crescerem IV
Descubro-me ao
tempo sem que a fadiga me procure.
De todos os dias,
resguardo a saliva dos olhos
para que o mar não
se inunde antes da maré preia.
Trago nas mãos as
cãs dos anos nefastos, furtivas nas
acácias que
floriram no tempo da virgindade.
Se um dia me
procurarem, encontrar-me-ão entre as palavras
impossíveis de
escrever ou nos amplexos ilegíveis das letras.
Nos múltiplos
prolongamentos da vida, saciei a sede
das ideias no lugar
dos solitários, sem que o
movimento alterasse
a iteração dos sonhos.
Quando as árvores
crescerem, trar-me-ão os diamantes
da tua boca,
lapidados no segredo dos amantes.
ana paula lavado
©
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
QUANDO AS ÁRVORES CRESCEREM III
Quando as árvores crescerem III
No tempo das
amendoeiras, os ramos
finalizam em flor, orgasticamente
róseas de segredo.
Inunda-se o enigma
das paixões, impendente em cada floração.
No tempo das
amendoeiras alongo-me nos braços, para que
floresçam à
semelhança do teu corpo. Róseo de ramos férteis
e iluminuras entre
os dedos, percorres as linhas onde
te concebo, sem que
o tempo desnude a fantasia.
As terras de xisto
floram todas as luas, e quando
as árvores
crescerem, as marés dos olhos florarão
sem que finde o
tempo das amendoeiras.
ana paula lavado
©
terça-feira, 13 de agosto de 2013
QUANDO AS ÁRVORES CRESCEREM II
Quando as árvores crescerem II
Ontem o mar voltou
a bramir. Brados murmúrios
que o vento prolongou
sem que a memória
alterasse a sonância.
Nunca vacila no ritmo
nem na espera dos
homens, que eles voltam sempre
à hora que a faina ordena.
Trazem sereias nos olhos e
redes enoveladas em
espera, apertando os anseios
que os olhos ocultam.
Quando as árvores
crescerem, moverão o xisto das raízes,
e elas
prolongar-se-ão até ao mar. Esse mar onde vives
e me anima a existência,
sem que o brilho das marés
revele a maré
preia.
Quando voltar a
bramir, o mar, voltarei sereia
ocultada nos teus
olhos!
ana paula lavado
©
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
QUANDO AS ÁRVORES CRESCEREM
Quando as árvores crescerem
Não olhes para mim,
que eu vagueio pelas ruas
desde que germinei.
Os tempos modernos apenas
alteram as plantas,
silenciando a cadência
das palavras.
Explicar-te-ia as minhas escolhas
mas as pedras da
rua continuam fascinantemente
iguais às de
outrora. Duras e retorcidas em feldspato de rocha
metamórfica.
Quando as árvores
crescerem, colherei as pétalas dos seus
frutos, e delas
construirei os mais belos caprichos. Saberás
conhecê-los pelo
meu perfume. Esse, que também
se mantém
inalterável, não porque o tempo nada mais
tenha concebido,
mas porque o pretendo inalterado.
Lembro o dia que te
conheci. Lembro tão repetidamente, que
apenas não me sufoca, porque o faço com
deliberação.
Choquei-te de frente, na porta de uma estação com um nome
sem importância.
Importou a vergonha dos olhos
que esconderam o
rubor.
E se me olhares,
relembro o rubor. Ama-me apenas
pelo perfume dos
meus olhos!
ana paula lavado
©
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
SE OS TEMESSE
Se os temesse
Se os temesse, Meu
Deus,
como temo a
precocidade do fim,
nos horrores com
que projectam maldição,
fugiria ao Mundo,
ao Universo
como desígnio de
condição.
Sejamos breves, que
as constelações não demoram
mais que breves
instantes da imaginação.
Se os temesse, Meu
Deus,
como presságios de
inoculação,
ocultaria os meus
vícios de verdade
expurgaria os meus
defeitos de imposição.
Se os temesse, Meu
Deus.
Ah! Não os temo
nem lhes cobiço a
imposição.
Que a sombra lhes
engane a sorte
que a exactidão
seja mais forte
que a sua vontade
de imprecação.
ana paula lavado
©
Fotografia de Francisco Navarro
terça-feira, 23 de julho de 2013
PASSARINHO
Passarinho
Vi um passarinho
numa gaiola
sem voar
E vi um passarinho
a voar
sem gaiola
Voo como um
passarinho
sem gaiola
E com uma gaiola
não voo
nem sou passarinho!
ana paula lavado
©
segunda-feira, 17 de junho de 2013
SEGURAMENTE
Seguramente!
Seguramente
não sei
quantos dias
viverei
quantas horas
terei
quantos minutos
usarei
seguramente
não sei
de quantas formas
te amarei
de quantas feições
te haverei
de quantos amores
te desfruto
nem que seja um
minuto
seguramente
será em todo
será em absoluto!
ana paula lavado
©
Fotografia - Francisco Navarro
quinta-feira, 13 de junho de 2013
quinta-feira, 6 de junho de 2013
quinta-feira, 30 de maio de 2013
COMO O AMOR
Como o amor
Vivo em mim, no
espaço, no tempo e na vida.
Contrária ao ocaso,
renasço os dias plantando
raízes sãs, para
que floresçam todas as primaveras.
As flores iluminam
a existência. Como o amor.
Em toda a parte te
encontro. Nas rosas, nos jasmins, nos lírios,
nas papoilas,
nas gotas de
orvalho que vagueiam pela manhã.
E quando as flores
fenecerem, as raízes
subsistirão firmes
no infinito. Como o amor!
ana paula lavado
©
quinta-feira, 23 de maio de 2013
quinta-feira, 16 de maio de 2013
terça-feira, 14 de maio de 2013
quinta-feira, 11 de abril de 2013
À NOITE
À noite
À noite, regressa o
silêncio.
Fechamos as nossas
bocas
como se não fosse
preciso dizer mais nada.
E amamo-nos silenciosamente!
ana paula lavado
©
quarta-feira, 3 de abril de 2013
TANTO O AMOR
Tanto o amor
Tanto o amor
e há tão pouco.
Não como o meu
ou como o teu,
amor louco.
Mas o que se fala
que anda de boca em
boca.
Ai, esse amor
é coisa pouca!
ana paula lavado
©
segunda-feira, 25 de março de 2013
O MAR
O mar
O silvo manifesta-o
bravio
Onde as vagas
naufragam navios
E a cor enegrece o
horizonte.
E eu olho-o com a
amplidão do mundo
Na perpétua viagem,
de olhar fecundo
Bebendo eternamente
da sua fonte.
Os que não vêem a
sua imensidão
Sinto-lhes pena,
vivem de solidão
Das imagens mortas
do destino.
Não entendem o
rosto da lua cheia
Não tragaram as
águas da maré preia
Não amaram o seu
fulgor paulatino!
ana paula lavado
©
quarta-feira, 6 de março de 2013
QUE MAIS TE POSSO DIZER, SENÃO TERNURA!
Que mais te posso dizer, senão ternura!
Que mais te posso
dizer, senão ternura!
Todos os meus passos
caminham de encontro
ao perfume da tua
boca. E nela me encho
de todas as emoções
que o corpo reclama.
Sente-as no meu
peito, vê como flama
nas palavras
misteriosas que invento.
Perdoa, meu amor,
este atrevimento
esta ousadia de
querer tão insanamente
as pálpebras dos
teus olhos contidas
nas minhas. Que mais
te posso dizer
senão ternura!
De todas as coisas,
a mais pura
é amar-te assim,
tão ternamente.
ana paula lavado
©
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
ERGO AS MÃOS
Ergo as mãos
Ergo as mãos a Deus
e peço clemência
que nesta
escravatura já muito pequei.
Sei que não sou
límpida, sei que não sou pura
nos andarilhos das
vielas por onde andei.
Não há pureza que
se glorifique nesta humanidade
não há glória que
não padeça de impunidade
não há rei nem lei
que nos comande.
Sou produto da
perversa infâmia
sou escrava da
impiedosa maldição.
Não creio na
verdade, não creio na razão
não creio na
decência da grandiosidade
não creio na
compostura de qualquer condição.
E em Ti, Deus, que
ainda creio
rogo o ensinamento
da verdade.
Já não me restam
muitos futuros
e em todos sobeja
ambiguidade.
Desapega-me da
violência da hipocrisia
destrona os reis da
dinastia
que fazem da
ciência podridão.
Sei que não sou
pura, não.
Mas antes de
decretares o meu final
sacia-me a fome de
verdade
sacia-me a procura
da razão!
ana paula lavado
©
(foto da internet)
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
VOLTEI AO MAR
Voltei ao mar
Voltei ao mar
Porque nele me engrandeço
Na alga pura
Pouso a minha boca
Sente a minha boca
Molhada de sal
Que da tua boca
trarei
O beijo que careço!
ana paula lavado
©
(foto da internet)
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
PODEIS!
Podeis!
Podeis matar-me os
pés
Se deles retirardes
a carne e o sangue,
Podeis atar-me a
mãos
Para que elas não verbalizem
quaisquer paradoxos,
Podeis mutilar-me o
corpo
Para que dele não
expire qualquer sombra de glória,
Podeis retirar-me a
tinta, a caneta, o papel,
Desmentir as minhas
frases interditas
E rasgar a sombra
da minha pele,
Podeis ocultar o
meu vício de verdade,
Podeis negligenciar
a minha força de vontade,
Podeis até dizer
que não existe quem sou,
Mas jamais calareis
o grito da minha voz
Jamais roubareis o
caminho por onde vou!
ana paula lavado
©
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
PALAVRAS
Palavras
Não te digo
palavras infecundas, meu amor,
Que delas terás
apenas prazer efémero.
Dou-te o silêncio
das letras,
O gesto dócil das
minhas mãos
Quando percorro o
teu corpo
Em busca de
alimento.
Será o tempo o
escultor
Que me trará a
felicidade dos dias.
E no prolongar dos dias
Dar-te-ei a
fecundidade das palavras.
ana paula lavado
©
(foto da internet)
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
AS TUAS LETRAS
As tuas letras
O meu poema tem as
tuas letras
E em cada uma o meu
anseio.
Porque as dispo
assim
Tão de repente?
Sabem a mar, quando
as concebo
Sabem a amor, certamente.
ana paula lavado
©
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
ÉS TANTAS VEZES O LENÇOL
És tantas vezes o lençol
És tantas vezes o
lençol
Que cobre a nudez
do meu seio
Que sinto, nas
noites que não tenho
O lençol do teu
corpo em anseio.
E os afagos! Ah os
afagos
Com que arrendas a
cor dos meus dedos
São palavras que murmuram
na pele
Como as ondas dos
nossos segredos.
E quando à noitinha
me desnudo
E te entrego o meu
corpo por inteiro
És tantas vezes o
lençol
Que cobre a nudez
do meu seio.
ana paula lavado
©
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
ELES LEVAM TUDO
Eles levam tudo
Soltem os uivos à
noite
Porque o chão já
não tem uvas.
O mar está seco
Mesmo sem estio
Como se o leito de
qualquer rio
Já não tivesse imensidão.
Eles levam tudo
Eles levam tudo
Até as uvas do
chão.
E vós que direis?
Açoitados no corpo
Fustigados na alma
Roubados na honra
Extorquidos na
justiça
Não sois mais que a
cobiça
Da devassidão do
poder.
Eles levam tudo
Eles levam tudo
Até o pão para
comer.
E o povo morre à
fome
Morre à fome sem
ter pão.
Eles levam tudo
Eles levam tudo
Até as uvas do
chão.
ana paula lavado
©
(foto do google)
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