terça-feira, 30 de outubro de 2012

VEM



Vem

Vem
e diz que apenas vens por mim
como as ondas vêm na areia.

Serei teu porto
a alva plácida no teu corpo
a musa diáfana
a tua almeia!

ana paula lavado ©  

(foto retirada da internet)

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

VAMOS REFUNDAR O SENTIMENTO




Vamos refundar o sentimento

Vamos refundar o sentimento
como quem diz, torná-lo mais fundo
afundá-lo ou profundá-lo
ou ainda aprofundar.

Quem diz o sentimento
diz outra coisa qualquer.
O que importa é que se refunde
e quanto mais refundado, melhor.

Podemos refundar o orçamento
ou então o Parlamento
ou ainda a ideogenia
de tanta genialidade profunda.

E depois de tanta refundação
podem, finalmente, refundar a Nação!

ana paula lavado ©  

(foto retirada da internet)

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Ó POVO, JURA!




Ó Povo, jura!

Nados do nada
Em epopeias silváticas
Comandam navios
De mastros molípedes
Navegam em terra
Com caudal limoento
E juram à Nação
Juras de pequenez.

Ó povo de olhar macilento
Até quando suportais
Tamanha tormenta?

Jura que mudas
Mas jura
Jura de uma vez!

ana paula lavado ©  

(foto retirada da internet)

O QUE RESTA DA MIM




O que resta de mim

Troca-se o tempo por outro tempo
quando mais nada sobra de mim.
Incandesce-se a aurora
num tempo diluto de sintonia,
e as margens do tempo
derramam virtudes.

Talvez sejas breve,
como as águas em hora de vazio
que não passam de pressentimentos.
Se pudesses ouvir o rumor dos meus sentidos
acolherias adentro o que derrama no fim.

Mas passas, impunemente altiva,
expulsando a demora do que resta de mim.

ana paula lavado ©  

(foto retirada da internet)

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

ENQUANTO DORMES



Enquanto dormes

Enquanto dormes
as odes que o mar ressoa
fazem abrigo no meu porto.

Não existe outra solidão
além da que me alheia do teu corpo.
Despida de ti
reduzo-me ao silêncio das coisas
e resisto ao tempo.

Enquanto dormes
as odes que o mar ressoa
Abrigam-me em ti!

ana paula lavado ©  


(foto retirada da internet)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

NINFA DOS MARES

Ninfa dos Mares


Ninfa dos mares e das marés
Deusa dos arcanos da Lua


Mareou em terra


E em carne foi amada


Despiu-se das águas
E por amor fez-se sua!


ana paula lavado, in Um Beijo... Sem Nome, 2008

terça-feira, 9 de outubro de 2012

SE EU TE PERDER, MEU MAR




Se eu te perder, meu Mar

Como atormento perder-te, meu Mar.
Serviria a fonte
para soltar as águas que necessito
e molhar-me impiedosamente o corpo.
Mas é a tua imensidão que me inflama
como agente supremo da minha carne.

Como atormento perder-te, meu Mar.
Porque em ti caminho
e em ti caminharei
enquanto navegar nas tuas águas
como corpo saído de outras eras.

Se eu te perder, meu Mar,
andarei pela tortura dos olhos
secos do teu sal
expurgando as dores do imponderável
inutilmente iluminado.
A Terra girará continuadamente.
Mas as veias secarão na eternidade.

ana paula lavado ©  

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

PERMANECES




Permaneces

Permaneces no rendilhar da saudade
porque te espero todos os dias
e não te tenho todos os dias
como gostava de te ter.

Também esperava que hoje viesse o sol
e ele não apareceu no firmamento.

Mas isso não anula a minha vontade
de esperar que tu venhas,
e me tenhas,
como só nós nos sabemos ter.

ana paula lavado ©

(foto retirada da internet)