quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

ERGO AS MÃOS




Ergo as mãos

Ergo as mãos a Deus e peço clemência
que nesta escravatura já muito pequei.
Sei que não sou límpida, sei que não sou pura
nos andarilhos das vielas por onde andei.
Não há pureza que se glorifique nesta humanidade
não há glória que não padeça de impunidade
não há rei nem lei que nos comande.
Sou produto da perversa infâmia
sou escrava da impiedosa maldição.
Não creio na verdade, não creio na razão
não creio na decência da grandiosidade
não creio na compostura de qualquer condição.

E em Ti, Deus, que ainda creio
rogo o ensinamento da verdade.
Já não me restam muitos futuros
e em todos sobeja ambiguidade.
Desapega-me da violência da hipocrisia
destrona os reis da dinastia
que fazem da ciência podridão.
Sei que não sou pura, não.
Mas antes de decretares o meu final
sacia-me a fome de verdade
sacia-me a procura da razão!

ana paula lavado © 

 (foto da internet)

Sem comentários:

Enviar um comentário