sábado, 24 de abril de 2010

DEIXA QUE EU ME RIA!


Deixa que eu me ria
Que eu gargalhe fundo no meu íntimo
Deixa que transvaze esta ironia
Este remoque que me sufoca e asfixia
Esta farsa que se alastra e se apega
Que contagia.

Deixa que eu me ria
Que não goteje a mágoa deste dia
Que não lacrime, que não atormente
Que não chore, simplesmente.

Deixa que eu me ria
Que meu riso, mesmo hipocrisia
Me liberte, me afaste, me alivie
Me isente desse embuste que atrofia
Deste mundo falsário e pecaminoso
Deste perjuro, falso e doloso
Deixa que eu me ria
Deixa que eu me ria!


ana paula lavado in “Mentes Perversas” ©


segunda-feira, 12 de abril de 2010

VENHA!


Venha a morte que eu tenho tempo
não me angustia nem intimida
nem me faz ter pressa de chegar.
E no dia em que ela me encontrar
impor-lhe-ei a minha condição.
Não quero flores nem velório
nem lápide com inscrição.

Apenas um momento tão efémero
como efémera é a vida
translúcida de contentamento.
Entregai meu pó ao vento
porque só o vento me poderá inventar.

Venha a morte que eu tenho tempo!

ana paula lavado in “Mentes Perversas” ©