segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

ESSÊNCIA



Essência

Estou reduzida a nada.
As moléculas que integravam
a minha alma
já não têm essência.
Estão dispersas entre coisas vãs
e guerras que acabei por não vencer.

Já não sou árvore
nem pássaro
nem azul.

Os demagogos do mundo
acabam sempre por vencer.


ana paula lavado © 

O QUE FICA



O que fica

Prende-me os sonhos
nesta vertigem embriagada.
As águas do rio
cantam glosas imperfeitas
murmurando o caudal
numa agitação incompleta.
Foi o mar
que levou as sereias
foi o vento
que silenciou as madrugadas.

O que fica
é a inutilidade dos dias.


ana paula lavado © 

domingo, 7 de fevereiro de 2016

QUEM É DEUS?



Quem é Deus?
                                                                                                                                                                                                                                            
Apregoa-se a paz
Em nome de Deus

Fazem-se guerras
Em nome de Deus

Quem é Deus?


ana paula lavado © 



terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

COISAS SIMPLES



Coisas simples

Deixa que te mostre as coisas simples
Com as quais amamos as coisas simples
E trocamos sorrisos simples
E somos simples.

Tudo o mais é demagogia.

ana paula lavado © 


DESORDEM



Desordem

Não sei com quantas faces se constrói
a desordem que percorremos a todas as horas,
nem sei quantas moléculas são necessárias
para que o tempo tenha a estrutura simétrica
ao movimento de rotação da Terra.

Não é nas coisas físicas que me detenho.
Os livros de cabeceira enchem as noites vazias
e as palavras esdrúxulas vão servindo
de complemento à imaginação.

Repara! Há noites em que nem as estrelas acordam
nem eu adormeço.

Penso na morte, mas as ruas são sempre iguais.

ana paula lavado ©