quinta-feira, 29 de novembro de 2012

RUAS


Ruas

Por trás das ruas
Silenciosas de rumores
Mil poemas se empalidecem
Na obscuridade das sombras.
Perderam-se as palavras
Nas portas sem número
Alinhadas escrupulosamente
Por ordem nominal.
Ninguém por certo adivinha
Que numa travessa sem nome
Havia um caminho para o mar.
E no silêncio agreste que não vinha
Fui eu com as palavras nas mãos
Escrever um poema para te dar!

ana paula lavado ©  

 (foto da internet)

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

CHEGOU O MOMENTO DE CHAMAR PELO TEU NOME



Chegou o momento de chamar pelo teu nome

Chegou o momento de chamar pelo teu nome
porque todas as coisas eruditas que existem lá fora
deixam de fazer sentido sem o teu nome.
Gracejo, quando me lembro das nossas graças
dos risos depauperados de sentido
quando o riso apenas espelha o contentamento.

Chegou o momento de chamar pelo teu nome
independentemente dos olhares sigilosos
que trocamos por malícia.
Tantos que não sabem o quanto fascino
nem imaginam o enigma que faço com as letras
quando me atrevo a escrever o teu nome.

Chegou o momento de escrever o teu nome
com todas as letras que aprendi alfabeticamente
e que ordeno de forma eficaz.
E por fim verterei a tinta do tinteiro
soletrando no papel todas as letras do teu nome.

ana paula lavado ©  

(foto tirada da internet)

sábado, 24 de novembro de 2012

AMANHECER



Amanhecer

espero sempre o outro dia
- que este já está vivido –
em que outra flor descerre
e possa abrir o sol pela manhã

há sempre esperança na madrugada
quando amanheço no teu leito.

ana paula lavado ©  




sexta-feira, 23 de novembro de 2012

CHAMAR-TE-EI MAR



Chamar-te-ei Mar

Pensei chamar-te Flor
Mas morrerias quando as pétalas caíssem.

Chamar-te-ei Mar
Porque assim serás infindo!

ana paula lavado ©  


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

AS MÃOS


As mãos

As mãos. A sua cálida
e serena pele
tão alva
como um areal deserto
derramado
no meu peito,
as mãos,
como chama acesa
de desejo
das coisas simples.

Amadas, sim, as mãos
leais e dóceis
como branca é a melancolia.

As mãos. Cativas
na sua cálida
e serena pele
tão alva
como a alma aspira.

ana paula lavado ©  

(foto da internet)

terça-feira, 20 de novembro de 2012

SE CHOREI, NÃO SEI




Se chorei, não sei

São menos afortunados os filhos de ninguém
vendendo a alma nas esquinas do ócio
esperando o reconforto do esquecimento.

Olhei-o, como quem olha um cadáver vivo
bebendo a dor com as lágrimas que não chorei.
E se chorei, não sei.

Olhamo-nos como se olham os indiferentes
que não reconhecem a quietude
nem as faces dos olhos.
Não há piedade na voz nem nos gestos
aprisionados de vazio e de deserto.

Deixei-o para trás com as lágrimas que não chorei.
E se chorei, não sei.

ana paula lavado ©  

 (foto retirada da internet)

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

TEM TANTA PRESSA O AMOR




Tem tanta pressa o amor

Tem tanta pressa o amor
Que as mãos se acidam por inteiro
Sem espera do amor primeiro.

Tem tanta pressa o amor
Que não ouve a voz dos cabelos
Deslisados de fadiga.

Tem tanta pressa o amor
Que nada conhece e nada vê
E nada sabe do amor.

ana paula lavado ©  

 (foto retirada da internet)

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

NÃO É ESTE SOSSEGO




Não é este sossego

Não é este sossego
que me adivinha
nem o magro sonho
que me eterniza.
Alcançarei o mundo
num invento
numa palavra esdrúxula
qualquer
na tua boca
junto da minha boca
no teu anseio de me quereres
mulher.

 ana paula lavado ©  

 (foto retirada da internet)

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

OUSA CINGIR-ME O VENTRE




Ousa cingir-me o ventre

Ousa cingir-me o ventre
onde correm as águas quentes
que trespassam a raiz dos mares.

Tange a minha cintura
na tua cintura
plasmando os anseios do corpo
a cada mudança da maré
como cristais no fundo do oceano.

E, por fim, despe-me
como a brancura da neve fria
quando se aproxima da chama.

Assim serei tua, diz-me tu,
interminavelmente.

ana paula lavado ©  

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O TEMPO



O Tempo

O tempo é somente a existência
Passada numa única intermitência
Entre o nascimento e a morte.

O tempo é somente o interlúdio
O espaço reservado entre cenas
Com termo marcado na inserção.

O tempo é somente a entrepausa
O lugar que é entregue em sorte
Existido meramente por condição.

ana paula lavado ©  




terça-feira, 6 de novembro de 2012

TU




Tu

Tenho
Apenas e só
Esta razão

Onde
O tudo
E o nada
São

Tu
És o todo
Do tudo

E o nada
É somente
Ilusão.

ana paula lavado ©  




domingo, 4 de novembro de 2012

O QUE É O AMOR!



O que é o Amor!

Absorve-se o tempo
na ânsia do rumo principal
onde te traduzo.
Nas nuvens, esboço o teu rosto
e espero que a brisa acalme
para que ele perdure nos meus olhos.
E permaneces no infinito
como as aves clamando liberdade
no seu eterno divagar.
O que é o Amor
senão esta vontade peregrina
de repousar no teu peito,
este anseio imortal
que se derrama na voz portentosa do meu ventre?
Não serei eu mais do que te amo
porque o teu eterno, é o que resta de mim.

ana paula lavado ©  


AMEMO-NOS



Amemo-nos

Deixa o teu corpo estender-se no meu corpo
porque nele trago a doçura
que guardei durante os anos.

E à sombra dos teus gestos
desassossego as palavras
ungindo calidamente o meu sossego.

Amemo-nos, então,
porque não é vergonha amar sem medo.

ana paula lavado ©  

(foto retirada da internet)