quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

SONHO




Sonho

A parte inefável do ser
A que traduz o indizível
Soletra-me na ponta dos dedos
O silêncio da aragem miúda.

Tu não sabias, ninguém sabia,
Que neste sorriso languescente
Escondo o verbo esquecer.

Num caminho sinuoso, entorpecente,
Ninguém sabia, nem tu sabias,
Que nos instantes que tenho
Sonho-te, sem te perder.

ana paula lavado © 

 (foto da internet)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

CATIVEIRO



Cativeiro

Fui cativeira do desnorte
talvez por penúria da sorte
talvez por tresloucada sina.
Ao longo do tempo filosofei
numa escusada busca de verdade
e nem por força da vontade
vi loucura simples e cristalina.
Mísera sorte que contamina
estranha condição tão entranhada
de combater tão desigualada
nas partes desiguais da igualdade.
Haja liberdade para lá do ensejo
onde este infortúnio cativeiro
será proscrito pela verdade.

ana paula lavado © 

(foto da internet) 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

ANTES QUE SEJA MADRUGADA




Antes que seja madrugada

Antes que seja madrugada
Encosta os meus sonhos ao peito
Namora o meu rosto no leito
E despe o meu sono de alvorada.

Antes que seja o alvor
Soletra o meu corpo por anáforas
Desnuda a minha pele por metáforas
E ama-me como ama o Amor.

ana paula lavado © 

(foto da internet)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

ÉS TU


És tu

És tu. Sim, és tu
Que no límpido universo me renasce
Como a aurora se recupera em boreais
Ensaiando os abrigos da natureza.

Tu, palavra que me veste por dentro
Onde os areais se transladam
No sal da minha pele languescente
Tu.

Serei a metáfora da mais singela das sereias
Que o mar esconde nos alhais de espuma
Poema contido na transparência das sílabas
Seduzindo a luz que invade as pupilas
Tu.

ana paula lavado ©  

 (foto da internet)