sexta-feira, 28 de setembro de 2012

SEI-ME




Sei-me

Agitam-se as folhas no vento agreste
Na noite que cresce sem lua.
Na escuridão dos astros
Flamejo.


Sei-te em mim
Sei-me tua!

ana paula lavado ©

(foto retirada da internet)

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

POEMA A UM HOMEM SÓ



Poema a um homem só

Quantas vezes, no teu leito,
a Morte sombreou
quantas vezes,
a angústia inexorável escureceu
o sofrimento parido nas entranhas da terra.
Sem piedade, deixa-nos sós,
a penumbra gloriosa que a tortura oprime
cavando sulcos, abrindo a cova
na servidão de um intervalo sanguento.
Chegou a hora, chegou o momento
de ser subserviente à Morte.
Estranha sorte!

ana paula lavado ©

(foto retirada da internet) 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

TOQUEMOS AS MÃOS



Toquemos as mãos

Toquemos as mãos, meu amor,
gastas da sombra dos tempos,
e tomemo-nos de repente
como quem segura por momentos
a linha da súbita sedução.
A secreta essência da elevação
se encante do maior encantamento
maior encanto que a paixão.

E quando o Inverno chegar
- esse frio que gela adentro -
guardarei teu colo em meu seio
a cada instante do tempo.
E quando for frio, quando for arrefecido,
a flama dentro da tua voz
elevar-se-á como o desejo
em que seremos apenas nós.

ana paula lavado ©

(foto retirada da internet)

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

MEDO


Medo

Não tenho medo de nada
nem do sarcasmo das letras
ditas por bocas depauperadas
de lisura.

Ninguém me roubará as coisas
que a vida já roubou
nem o inevitável das outras coisas.

Chega de fechar os olhos ao mundo
e morrer sem lei em lugar algum.

Agora já não é possível ter medo
porque venho sempre sem me morrer!

ana paula lavado ©


(foto retirada da internet)

terça-feira, 11 de setembro de 2012

PASSAGEM



Passagem

Há passagens no mundo
que não escolhi.
Faço de conta
que não é nada comigo
mas suspendo-me devagarinho
estupefacta.
Não é a arte abstracta
que me espanta.
Antes espantasse.
Mas o viril escárnio,
de quem padece sem cura,
doente de impiedade.
Oh crueldade
que encarnas o princípio do fim.
Do fim do mundo
se é que é mundo
esta passagem antes do fim.

ana paula lavado ©