quarta-feira, 24 de setembro de 2014

À LUZ INQUIETA



À luz inquieta

à luz inquieta
do ponto mais alto
onde a névoa desperta
o infinito dos astros

flameia uma cor
de clareza indiscreta

e o mar engrandece
do alto dos mastros.

ana paula lavado © 


Fotografia - Marinha Portuguesa - Navio Escola Sagres

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

SOU O TEMPO, NA SOLIDÃO DO TEMPO


Sou o tempo, na solidão do tempo

Não espero que o tempo me dê constelações.
Nas veias, o travo amargo da infertilidade da vida,
ergue-se na penumbra da incoerência dos dias.
Na boca, o presságio virginal da solidão dos poetas,
tem o sabor da nudez das coisas,
quando a nudez das coisas
tem o sabor da ignomínia dos tempos.
Não conheço esta rua. Não sou deste país.
Não sou deste mar, não sou desta terra
não sou deste ar, não sou deste vento.
Sou o tempo, na solidão do tempo.

ana paula lavado © 


Fotografia - Francisco Navarro