domingo, 11 de setembro de 2016

DÓI-ME



Dói-me

Dói-me este mar que carrego no peito
e as estrias dos Invernos que se aproximam.
Dói-me esta voz que cala as memórias
e a cinza dos dedos que afagam o lume.

Dói-me a palidez das noites que passo em surdina
e a ausência dos teus passos na minha cama.
Dói-me o silêncio dos versos inacabados
e as palavras que morrem sem ter verbo.

Dói-me o trilho que me sulca as veias
e a lágrima que me seca a lembrança.
Dói-me o gesto que ignora o infinito
dói-me o amor que morre sem esperança.

ana paula lavado ©