segunda-feira, 7 de julho de 2014

TREVAS



Trevas

Sentei a vida à porta do mundo
esperando luz no abismo mais fundo
sulcando trevas dentro de mim.

Adiante da realidade tudo tem fim
e os heróis acabam sempre por morrer.

Ó alma minha, que mais fazer
se o limite da morte é infindo
se os algozes regozijam rindo
a dor mais pérfida e moribunda.

Tão agreste esta piedade vagabunda
oculta em espasmos de ânsia estilizada.

Tão agonizante esta vida que não vale nada.

O meu corpo efémero e transtornado
sem luz, sem brilho, abandonado
morre-se em trevas, à porta do mundo.

ana paula lavado © 


 Fotografia - Frank Navarro

quarta-feira, 2 de julho de 2014

DESNUDA-ME EM DIADEMA



Desnuda-me em diadema

pronuncia-me devagar
soletra-me o pensamento

circunscreve a minha estória
interdita o meu silêncio

incendeia a minha essência
assoreia-me em poema

desembainha a minha alma
desnuda-me em diadema.

ana paula lavado © 


Fotografia - Francisco Navarro