Quando as árvores crescerem
Não olhes para mim,
que eu vagueio pelas ruas
desde que germinei.
Os tempos modernos apenas
alteram as plantas,
silenciando a cadência
das palavras.
Explicar-te-ia as minhas escolhas
mas as pedras da
rua continuam fascinantemente
iguais às de
outrora. Duras e retorcidas em feldspato de rocha
metamórfica.
Quando as árvores
crescerem, colherei as pétalas dos seus
frutos, e delas
construirei os mais belos caprichos. Saberás
conhecê-los pelo
meu perfume. Esse, que também
se mantém
inalterável, não porque o tempo nada mais
tenha concebido,
mas porque o pretendo inalterado.
Lembro o dia que te
conheci. Lembro tão repetidamente, que
apenas não me sufoca, porque o faço com
deliberação.
Choquei-te de frente, na porta de uma estação com um nome
sem importância.
Importou a vergonha dos olhos
que esconderam o
rubor.
E se me olhares,
relembro o rubor. Ama-me apenas
pelo perfume dos
meus olhos!
ana paula lavado
©
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