domingo, 17 de novembro de 2019

Hei-de emergir dos muros escuros da cidade



Hei-de emergir dos muros escuros da cidade

Hei-de emergir dos muros escuros da cidade
ou das terras profundas onde o cheiro a morte me sufoca.
Sentada numa praceta onde moraram as aves
revejo corpos embriagados a dançarem na lama suja do chão.
Um candeeiro de lâmpada partida esconde os rostos
desfigurados de álcool, pastilhas e coca
e o rasto a sexo barato vendido nas esquinas mais escuras.

Rebenta-me uma veia no peito e o sangue espalha-se
e transforma-se em veneno que se alastra pelo corpo
e me inunda, e me carrega a morte lenta da desilusão.

ana paula lavado ©  

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