domingo, 17 de novembro de 2019

A noite



A noite

a noite é imensa e cheira a sexo e a morte
os ângulos escuros dos dedos
rasgam as palavras abandonadas à sorte
e à melancolia incansável da solidão.

estou só nesta infinda ausência de pejo
e amanheço dolorosamente na neblina sulfurosa
inventando rostos desfocados
que não memorizei por engano.

recolho os olhos húmidos da noite
e fujo ao odor a cio e a drogas espalhado pelas ruas
e aos corpos abandonados à sorte.

 ana paula lavado ©   


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