Sei que te terei
Sei que te terei.
Os dias iluminam-se
à tua forma
sublimando os
pensamentos
à distância do nano
fragmento
que nos separa.
És tu quem me
aperta as mãos
e me leva sem
destino calculado
nos percursos mais
incólumes dos sentidos.
Sei que te terei,
quando arderem
todas as árvores que me alimentam
e todas as
montanhas se despojarem do seu perfume,
sei que te terei.
E no meu ventre
vazio guardo-te em segredo
e escuso-me no
degredo
para te amar
silenciosamente.
Não, não escondo
que te amo
Mas gosto de o
fazer silente.
Sei que te terei,
depois de cumprir
todos os passos da predestinação
elevando os
silêncios das nossas conversas
fragmentadas pelas
intromissões da dolência,
imiscuída sem anuência.
Sei que te terei,
na vontade gasta do
teu afastamento
calculado prematuramente
como uma gestação
inacabada.
Não, não me falta
nada
Apenas a luz
imprópria dos dias em que não sinto
a voz magra da tua
quietude
me inquieta.
Substituo-te nos
versos
escolhidos ao acaso
nas linhas brancas
de um qualquer
papel amarelecido,
pálido de solidão.
Sei que te terei.
E quando nos
sentarmos lado a lado,
de mãos dadas como
antigamente,
os silêncios entrelaçar-se-ão
porque já não
necessitamos de palavras.
Não porque as
tenhamos dito todas,
mas porque nos
temos silenciosamente.
Sei que te terei.
(Ao primeiro homem
que amei. Meu Avô)
ana paula lavado ©
"E quando nos sentarmos lado a lado,
ResponderEliminarde mãos dadas como antigamente,
os silêncios entrelaçar-se-ão
porque já não necessitamos de palavras,
não porque as tenhamos dito todas,
mas porque nos temos silenciosamente"
Muito belo Ana e de uma sensibilidade...
Um beijo