terça-feira, 27 de junho de 2017

O LUGAR ONDE HAVIA ÁRVORES




O lugar onde havia árvores

Regressas subitamente ao lugar onde terminaram as árvores.
Já não falo nem digo coisas que seriam um completo disparate
mas que são coisas que me afligem e me condenam
à inquietude do meu pensamento. Refugio-me nos livros
e nas coisas banais que me ocupam o tempo
para que não se dissipem os sorrisos e as palavras
que preencheram o lugar onde havia árvores.

Tudo é possível quando escrevo um poema. As letras ocupam
os espaços que ficaram vazios e vão deixando um misto
de pureza e quietude, que me lembra a quietude dos teus passos.
O resto do tempo não passa de um lugar vazio
sem alma e sem cor, em que se vai imaginando
mais um poema para que não se acabem as árvores.
Imagino o tamanho da solidão quando acabarem as árvores.


ana paula lavado ©

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