Há em mim alguma morte,
quando escrevo
Quem
me dera esquecer aquele dia de chuva
ou
aquela tarde de domingo em que todos passeavam alegres.
Debaixo
do braço, uma sacola de memórias
aterroriza-me
o tempo. Sinto saudades das coisas que já não tenho
e
das tardes junto ao mar, ouvindo seres que me faziam rir.
Sinto
saudades dos cabelos compridos, das mãos que namoravam
como
se não houvesse tempo e dos lugares onde nunca estive.
Estou
comigo como se não estivesse com ninguém. Desfolho as pétalas
de
uma rosa contando o tempo que ainda terei para viver. E à volta da minha boca
surgem gestos que não dizem nada.
Há
em mim alguma morte, quando escrevo. As palavras sabem
a
metáforas e a lugares onde não cabe o pensamento.
É
impossível viver este tempo sem amargura. É impossível viver.
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