quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

AH, COMO SOU INÚTIL QUANDO AMO!



Ah, como sou inútil quando amo!

Um dia hei-de querer ser poeta
para dizer ao mundo
o quanto amo as coisas inúteis.

As pessoas são escravas dos objectos.
Das roupas, dos carros, das casas
do estatuto social, da posição económica
dos bens materiais e da hipocrisia
- que não é objecto mas parece –
e toda a gente se esquece
do amor,

e das flores, e das folhas caídas no chão
e do vento que trouxe uma semente do alto da montanha
e fez nascer uma árvore na berma da estrada,

e do amor,

ah, como sou inútil quando amo!

ana paula lavado ©                        

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