sábado, 20 de agosto de 2016

DIZ-ME! POSSO SER-ME DENTRO DA TUA SAUDADE?



Diz-me! Posso ser-me dentro da tua saudade?

Peguei-lhe na mão dizendo:
“Posso ser-me dentro da tua saudade?”
E abracei-o, com o afecto de quem nasce
todos os dias uma outra vez.
A minha mão continuou pousada
na mão dele
como se o mundo terminasse amanhã.

Sonhei o tempo das acácias rubras
das virgindades da adolescência
e dos pés descalços na terra molhada,
das auroras nas montanhas
e dos poentes no oceano,
das águas cálidas e meigas
e dos rumores nocturnos
dos animais que nunca dormem.

Sonhei o tempo dos amores vadios
das paixões efémeras
e das noites prolongadas pela manhã,
dos dias pintados de muitas cores
e das chuvas a molhar a face.

A minha mão continuou pousada
na mão dele
num abraço que sente saudades diferentes.

“Diz-me! Posso ser-me dentro da tua saudade?”

ana paula lavado © 


Sem comentários:

Enviar um comentário