domingo, 27 de março de 2016

A INQUIETAÇÃO DAS AVES



A inquietação das aves

Confesso que me atordoa a espiral dos dias
e a inquietação das aves em dia de tempestade.
O pensamento converge numa parábola irregular
e as mãos tornam-se inúteis perante a ferocidade alheia.

Temo duvidar das palavras premeditadas
e dos anjos de asas negras que me invadem o sossego.

Outrora, quando a luz era mais clara,
e a selva se limitava à irracionalidade das coisas,
a urgência dos gestos era terra úbere
e a virgindade dos seios nunca era violada.

Restam as ruas de travessia interdita
a incoerência dos dias casados de solidão
e a inquietação das aves, em dia de tempestade.

ana paula lavado ©


Fotografia - Francisco Navarro

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