Se eu te perder, meu Mar
Como atormento
perder-te, meu Mar.
Serviria a fonte
para soltar as
águas que necessito
e molhar-me
impiedosamente o corpo.
Mas é a tua
imensidão que me inflama
como agente supremo
da minha carne.
Como atormento
perder-te, meu Mar.
Porque em ti
caminho
e em ti caminharei
enquanto navegar nas
tuas águas
como corpo saído de
outras eras.
Se eu te perder,
meu Mar,
andarei pela
tortura dos olhos
secos do teu sal
expurgando as dores
do imponderável
inutilmente iluminado.
A Terra girará
continuadamente.
Mas as veias
secarão na eternidade.
ana paula lavado ©