Regresso
a casa
Quando
regresso a casa e aos ângulos escuros das trevas.
Espalho,
a névoa que trago nas algibeiras, pelas mesas desertas
e pela
poeira dos livros, cansados das noites de lentidão.
Deito o corpo, exausto dos dias iguais e das
tonturas
das
conversas inúteis e inutilíssimas.
Que
sei eu desses afazeres mundanos e dos escândalos
e das
leviandades alheias?
Se um
dia a juventude voltasse, voaria junto
das
aves marinhas, nas intermináveis águas do oceano,
no
marulhar das ondas e dos peixes com asas.
Antes
que eu grite, deixa-me contar-te como é sábio
o
sussurrar do rio, quando me transpõe o sonho de ser água.
Regresso
a casa. Tudo se confunde com o real,
e o
imaginário permanece inerte, cansado de sombras
e
névoas trazidas nas algibeiras.
Deito
o corpo, já gasto dos dias iguais e dos papeis estampados,
nos
espelhos, velhos e sujos, de rostos desfocados.
Regresso
a casa.
ana paula lavado ©
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