domingo, 10 de junho de 2018

Irei sozinha o resto do caminho


Irei sozinha o resto do caminho

Irei sozinha o resto do caminho.
Cheguei tarde, quando quis caminhar contigo
e os teus passos já não eram iguais aos meus.
Um dia fui bater à tua porta
mas disseram-me que a havias abandonado
e partido para onde a existência é etérea
e não precisa de mais passos.
Às vezes vejo-te. Envelheceste!
Os teus cabelos brancos estão mais brancos
mas o teu olhar continua com a beleza dos campos semeados
quando despontam as primeiras flores.
Outras vezes escrevo-te. Escrevo-te coisas sem nexo
incapazes de simplicidade ou beleza.
Mas tu sabes que gosto das coisas simples.
Do mar e dos crepúsculos
da quietude campestre
e dos oásis nocturnos.
Tenho que me concentrar mais nas palavras
esperar que o seu significado seja justo
e não me deixar levar por metáforas desajustadas
que tornam dúbia a sua compreensão.

Sabes! Hoje não vou usar metáforas.
Vim somente para te dizer
que já não preciso de passos, para caminhar contigo!

ana paula lavado ©  







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