O voo das aves
Deixa
que te diga para onde foram as aves
e
os ventos do Norte que sobrevoam a margem do rio.
Sabes!
Quando percorro a calçada
lembro
as marés que molhavam o meu corpo
com
o anseio da noite que iria chegar em surdina.
Vai
longe o tempo em que adormecia nos teus braços
enquanto
a maré preia me ocupava o corpo
com
todos os sonhos do mundo.
As
aves partiram em direcção ao horizonte
e
não voltaram. O seu canto ecoa nos meus passos
mas
tudo não passa de fantasia. E o vento,
o
vento limpou as pegadas do chão, para que não restassem vestígios
das
horas que, paulatinamente, roubamos ao rio.
Restam
as linhas que continuam a resistir ao tempo
e
vão deixando sulcos para que a memória não voe com as aves.
Se
as aves voltarem, morrerei cantando em verso
a
sua mais inquietante melodia.
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