terça-feira, 29 de abril de 2014

FALA-ME AGORA. NÃO DEPOIS!



Fala-me agora. Não depois!

Fala-me da lucidez das coisas
Dos ventres que pariram as crenças mais terrenas
E dos sois que aclaram as palavras que não mentem.

Fala-me agora. Não depois!

Depois, até a dor se cansa das horas agoirentas
E a espera é sorrateira na demora.

Fala-me agora. Não depois!

Antes que mate os sonhos que não existem
No momento impreciso da concepção.
Chama-lhe o que quiseres
Desde que não te refugies na teimosia
E chames às coisas fruto da cegueira.

Fala-me agora. Não depois!

Depois, o tempo já é invernoso e triste
E as ideias tornam-se pouco claras à luz do dia.
As sombras reclamam rituais metafóricos
Na imanência redentora da morte.

Fala-me agora. Não depois!


ana paula lavado © 

Fotografia - Francisco Navarro


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