Trevas
Sentei a vida à porta do mundo
esperando luz no abismo mais fundo
sulcando trevas dentro de mim.
Adiante da realidade tudo tem fim
e os heróis acabam sempre por morrer.
Ó alma minha, que mais fazer
se o limite da morte é infindo
se os algozes regozijam rindo
a dor mais pérfida e moribunda.
Tão agreste esta piedade vagabunda
oculta em espasmos de ânsia estilizada.
Tão agonizante esta vida que não vale nada.
O meu corpo efémero e transtornado
sem luz, sem brilho, abandonado
morre-se em trevas, à porta do mundo.
ana paula lavado ©
Fotografia - Frank Navarro
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