Passo nas
esquinas das ruas
Passo
nas esquinas das ruas
e
penso em tudo o que deveria ter feito.
As
sombras, deixadas pelos corpos que as atravessam
simulam
o meu silêncio como rio atravessado por águas vãs.
Poderia
ter deixado os navios continuarem a atracar à minha porta
ou
as pérolas a crescer nas conchas que davam à praia.
Poderia
ter esperado que o vento dissipasse a névoa
e
que os pássaros continuassem a fazer ninho no meu beiral.
Nada
é tão fétido como a vontade inacabada
que
nos torna prisioneiros acorrentados de memórias.
Resta-me
o fogo que me acompanha nos dias frios
e
os livros que me aquecem a solidão!
ana
paula lavado ©