domingo, 30 de abril de 2017

HÁ EM MIM ALGUMA MORTE, QUANDO ESCREVO



Há em mim alguma morte, quando escrevo

Quem me dera esquecer aquele dia de chuva
ou aquela tarde de domingo em que todos passeavam alegres.
Debaixo do braço, uma sacola de memórias
aterroriza-me o tempo. Sinto saudades das coisas que já não tenho
e das tardes junto ao mar, ouvindo seres que me faziam rir.
Sinto saudades dos cabelos compridos, das mãos que namoravam
como se não houvesse tempo e dos lugares onde nunca estive.
Estou comigo como se não estivesse com ninguém. Desfolho as pétalas
de uma rosa contando o tempo que ainda terei para viver. E à volta da minha boca surgem gestos que não dizem nada.
Há em mim alguma morte, quando escrevo. As palavras sabem
a metáforas e a lugares onde não cabe o pensamento.
É impossível viver este tempo sem amargura. É impossível viver.

ana paula  lavado ©                                   

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