domingo, 5 de março de 2017

O VOO DAS AVES



O voo das aves

Deixa que te diga para onde foram as aves
e os ventos do Norte que sobrevoam a margem do rio.
Sabes! Quando percorro a calçada
lembro as marés que molhavam o meu corpo
com o anseio da noite que iria chegar em surdina.
Vai longe o tempo em que adormecia nos teus braços
enquanto a maré preia me ocupava o corpo
com todos os sonhos do mundo.

As aves partiram em direcção ao horizonte
e não voltaram. O seu canto ecoa nos meus passos
mas tudo não passa de fantasia. E o vento,
o vento limpou as pegadas do chão, para que não restassem vestígios
das horas que, paulatinamente, roubamos ao rio.
Restam as linhas que continuam a resistir ao tempo
e vão deixando sulcos para que a memória não voe com as aves.

Se as aves voltarem, morrerei cantando em verso
a sua mais inquietante melodia.

ana paula lavado ©                                   

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