sexta-feira, 24 de abril de 2015

ÀS VEZES



Às vezes

Às vezes…

Às vezes, as portas fecham-se com áspera rudeza
e só o granito das ruas se move por companheiro.

Às vezes…

Às vezes, os sons perdem-se nas encruzilhadas
e o sentido das coisas é tão inverso
que deixa de haver sentido na verdade.
No tempo dos ausentes, o pensamento interrompe-se.
Adultera-se a mente com frases de circunstância
e faz-se da realidade um filho de um deus menor.

Às vezes…

Às vezes, os gestos metamorfoseiam-se
em outros gestos
absortos em interjeições imaginárias
e palavras caiadas por metáforas.
Não digam que há vida para além da noite
porque a madrugada só existe na invenção da mente.

Às vezes…

Às vezes, a transformação da verdade
é a única ponte existente entre o bem e o mal
e a razão para o mistério das coisas.

Às vezes…

Às vezes…

ana paula lavado © 


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