quinta-feira, 5 de junho de 2014

DÁ-ME O DESTINO



Dá-me o destino

Dá-me o destino, mesmo que a urgência
faça do insólito uma ave madura.
Quanto mais o tempo dura
mais o agreste cresce nos campos
mais os poentes se tornam amplos
mais as crenças descrençam a fé.
Nem o abismo, no seu sopé
é tão distante como o fim da tormenta.
Ó vigilante da vida, tenta, pelo menos tenta
que o infinito fique mais perto
que todas as areias do deserto
se imensem em águas transparentes.
O mundo apeja-se dos descrentes
e os montes acobardam-se das tempestades.
Em toda a vida e em todas as idades
há um sol a crescer por dentro
um lugar oblíquo e sem centro
onde gira a nossa sucessão.
Leva-me contigo, pega na minha mão
e afasta-me do lugar dos ausentes
liberta-me das crenças descrentes
e dá-me o destino por condição.


ana paula lavado © 

Fotografia - Francisco Navarro

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