sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

NÃO SOMOS!




Não somos!

Somos o vento que canta
A árvore mais alta da serra
Somos a gente que fala
Os versos da nossa terra.
Somos os silvos da noite
A luz que vem de madrugada
O silêncio na voz dos que calam
Somos os errantes da estrada.

Somos tudo, somos nada
Somos a inconstância da vida
Somos os Invernos que matam
Somos a Primavera florida.

Somos reis do des-reinado
Governantes do deserto
Somos povo habituado
Ao castigo mais perverso.
Somos veste que nos cobre
Sem ganância nem grandeza
A injúria de quem comanda
A grata sorte da esperteza.
Somos aqueles que caiem
Sem eira nem beira no desatino
Somos pasto que nutre a seiva
Dos que marcam o destino.
Somos a voz gasta da tortura
A gaguez que move sem graça
Somos o lixo onde cospem
Os ditadores da desgraça.

Somos tudo, somos nada
Somos peças da disputa
Somos trapos que nos rasgam
Mas não somos Filhos-da-Puta!

ana paula lavado © 

(foto da internet) 

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