terça-feira, 20 de novembro de 2012

SE CHOREI, NÃO SEI




Se chorei, não sei

São menos afortunados os filhos de ninguém
vendendo a alma nas esquinas do ócio
esperando o reconforto do esquecimento.

Olhei-o, como quem olha um cadáver vivo
bebendo a dor com as lágrimas que não chorei.
E se chorei, não sei.

Olhamo-nos como se olham os indiferentes
que não reconhecem a quietude
nem as faces dos olhos.
Não há piedade na voz nem nos gestos
aprisionados de vazio e de deserto.

Deixei-o para trás com as lágrimas que não chorei.
E se chorei, não sei.

ana paula lavado ©  

 (foto retirada da internet)

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